segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma lá: a primeira presidente do Brasil

Antes de votar em Porto Alegre, Dilma fez o sinal de positivo


O Brasil elegeu ontem a primeira mulher para a Presidência da República: Dilma Rousseff, do PT. Até as 22h40 de ontem, com 99,75% das urnas apuradas, Dilma estava com 56,02% dos votos válidos (55.622.220 votos), enquanto José Serra (PSDB) tinha 43,98% (43.661.160 votos). A abstenção foi de 21,44%. Entre os eleitores, 2,31% votaram em branco e 4,40%, nulo.
A vitória de Dilma teve a participação do cabo eleitoral mais popular do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mesmo sem estar participando diretamente do pleito, teve papel fundamental ao transferir todo seu elevado índice de popularidade à candidata que escolheu pessoalmente para disputar sua sucessão e levá-la à vitória nas urnas neste segundo turno, mesmo sendo uma estreante na seara de uma disputa eleitoral e concorrendo com um nome forte da oposição, o ex-governador tucano José Serra.
Se dependesse dos números das primeiras pesquisas eleitorais divulgadas em 2007, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República jamais teria sido levada adiante. Em outubro de 2007, a pesquisa CNT/Sensus mostrava a então ministra-chefe da Casa Civil com 5,7%. Essa mesma pesquisa, contudo, mostrava que cerca de 35% dos entrevistados poderiam votar em alguém apoiado por Lula. Com base nessa sinalização, o presidente traçou um engenhoso plano para lançá-la na arena da disputa presidencial, trabalhando intensamente para colar sua imagem à de Dilma.
E a estratégia funcionou. Coube a Dilma o lançamento de uma das maiores vitrines do governo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. No ano seguinte, Lula a batizou de ‘mãe do PAC’. Como boa discípula, Dilma se autonomeou durante a campanha eleitoral de ‘mãe do Luz para Todos’, programa do governo federal, criado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica às áreas rurais do País. E no decorrer da campanha, quando já liderava a corrida presidencial, assumiu de vez o instinto maternal e disse que pretendia ser, na Presidência, a ‘mãe de todos os brasileiros’.
Na primeira fala após ser eleita a primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff afirmou estar “muito feliz”. “É uma sensação de muita força e muita alegria. Estou muito feliz e agradeço aos brasileiros e brasileiras por esse momento.” A frase foi dita dentro do carro que a levou de sua casa para o hotel, em Brasília.
Candidatos votam pela manhã
Acompanhados de aliados políticos e saudados por eleitores, os dois candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), votaram ontem de manhã, respectivamente, em Porto Alegre e São Paulo.
Dilma cumprimentou os mesários e fez sinal de positivo para os fotógrafos antes de entrar na cabine de votação. Em declaração à imprensa afirmou que, se for eleita, governará para todos os brasileiros e com os partidos que apoiaram sua campanha. Ela destacou que suas propostas de governo têm foco diferenciado, com a transformação social do país. “Não governamos só olhando números, olhamos para o bem-estar das pessoas”, declarou.
Dilma estava acompanhada do governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Depois de votar, a candidata seguiu para a casa da filha para descansar.
Serra chegou ao colégio onde vota, na capital paulista, no fim da manhã e foi saudado com palmas por eleitores que estavam no local. Ao falar à imprensa, disse que se manteve confiante durante toda a campanha por ter recebido apoio da população e afirmou que suas propostas se basearam em melhor segurança, melhor saúde e melhor educação.
Mineira de classe média alta e com uma história de luta contra o regime militar
Dilma Vana Rousseff é economista de formação, nasceu em Belo Horizonte, em 14 de dezembro de 1947. Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi ministra-chefe da Casa Civil durante o governo Lula.
Nascida em família de classe média alta e educada de modo tradicional, interessou-se pelos ideais socialistas durante a juventude, logo após o golpe militar de 1964, quando integrou organizações que defendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando de Libertação Nacional e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Passou quase tres anos presa, entre 1970 e 1972, primeiramente na Oban (onde passou por sessões de tortura) e depois no Dops.
Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde junto com o companheiro por mais de 30 anos, Carlos Araújo, ajudou na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e participou ativamente de diversas campanhas eleitorais.
Exerceu o cargo de secretária municipal de Fazenda de Porto Alegre, na gestão do prefeito Alceu Colares. Mais tarde, foi secretária estadual de Minas e Energia, tanto no governo de Colares como no de Olívio Dutra, no meio do qual se filiou ao PT em 2001.
Participou da equipe que formulou o plano de governo na área energética na eleição de Luiz Inácio Lula da silva à presidência da República, em 2002, onde se destacou e foi indicada para titular do Ministério de Minas e Energia. Novamente reconhecida por seus méritos técnicos e gerenciais, foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil com o afastamento do então ministro José Dirceu.
Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. No mesmo ano, Dilma se submeteu a um tratamento contra um câncer no sistema linfático, que havia descoberto a partir de um nódulo na axila esquerda, em um exame de rotina, em fase inicial.
Em seu programa de governo, destaque para as áreas Social e também a Saúde
O programa de governo da presidente eleita Dilma Roussef prometeu erradicar a pobreza e estender o Bolsa-Família a índios, quilombolas e moradores de rua.  O programa da petista promete manter e aprofundar a manutenção dos programas sociais implementados no governo Lula, que, de acordo com Dilma, tiraram 24 milhões de pessoas da pobreza em sete anos e meio.
A eleita propõe priorizar a qualidade da educação, melhorando os salários dos professores e aumentando o número de bolsas para que os alunos sejam mantidos nas escolas, além de aulas informatizadas com acesso à banda larga.
Dilma deve manter a política econômica, prometendo realizar a reforma tributária que não aconteceu no governo Lula.
Na saúde, a presidente eleita pretender aprimorar a eficácia do sistema de saúde, garantindo mais recursos para o SUS. Dilma também quer implantar 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo país.
Outras propostas visam dedicar uma atenção ainda maior aos hospitais públicos e conveniados, as novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ao SAMU e a programas como o Saúde da Família, o Brasil Sorridente e a Farmácia Popular.
Na educação, uma escola técnica por cidade com mais de 500 mil habitantes e pólos regionais. Com relação ao salário-mínimo, Dilma falou em dar o reajuste acima da inflação, vinculado ao Produto Interno Bruto (PIB).Dilma também aposta em concretizar, junto com o Congresso, as reformas institucionais que não puderam ser completadas ou foram apenas parcialmente implantadas, como a reforma política e a tributária.
Por fim, a presidenta ressalta que vai aprofundar a postura soberana do Brasil no mundo, defendendo intransigentemente a paz mundial e uma ordem econômica e política mais justa. Na política econômica, a meta é manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflação e a política de câmbio flutuante.

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