quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Denúncia

Câmara pode decidir hoje se instala CPI contra Beto

Vereador denunciou irregularidades no governo do prefeito Beto


Em São Francisco de Itabapoana (SFI), os vereadores da oposição esperam que desta vez os colegas da bancada governista compareçam ao trabalho e haja quorum que possibilite a realização da sessão ordinária da Câmara Municipal. Nas duas sessões anteriores, respectivamente quatro e três deles estiveram no plenário, não sendo possível a abertura dos trabalhos por falta de número suficiente de parlamentares. Há uma expectativa para que entrem na pauta da Câmara as denúncias protocoladas no Ministério Público pelo vereador Cláudio Viana, que defende a instalação de uma CPI para apurar as irregularidades.
Entre as denúncias, estão as irregularidades nas obras da avenida principal de Guaxindiba, onde as máquinas, equipamentos e pessoal da prefeitura têm sido utilizados. “A construtora que venceu a licitação é que deveria colocar sua estrutura para a realização dos serviços”, alega o vereador.
Viana também aponta também a precariedade do Hospital Manoel Carola, em Ponto de Cacimbas, onde não há uma UTI decente. “A sala que foi inaugurada pelo prefeito Beto Azevedo denominada Sala de UTI, quando na verdade não é uma Unidade de Terapia Intensiva. Lá funciona apenas uma sala para manter o paciente vivo, até que consiga uma vaga em UTI em outras cidades”, denunciou.
Cláudio reclama também de uma obra paralisada que deveria ser entrega à população nesta semana. “A sala de raios-X está em péssimo estado, na lavanderia não há máquinas industriais e o piso da sala de ultra-sonografia é de cimento, quando deveria ser de cerâmica”, acrescentou Claudinho.Segundo o vereador, o prefeito Beto Azevedo (PSDB) não tem respondido a vários pedidos de informações.
De acordo com Cláudio Viana, a população precisa saber da verdade porque os serviços só pioram numa área essencial como a saúde, enquanto em outros setores há denúncias de irregularidades. “O próprio secretário de Planejamento (Marcelo Garcia) entrou em contradição pois disse que a Caixa Econômica não liberou recursos para as obras no hospital devido às eleições, quando a própria direção do banco desmentiu a versão”, concluiu.

CPI –
Com relação à abertura de uma CPI, o presidente da Câmara, Florentino Cerqueira Azevedo (DEM), o Tininho, esclareceu que esta possibilidade depende da apuração dos fatos e da presença dos vereadores na sessão de hoje. “Havendo quorum, colocarei o assunto na pauta e caberá a maioria dos vereadores decidirem. Temos que ouvir também o que irão dizer os vereadores da bancada da situação e se haverá uma apresentação de defesa dos membros do governo em relação às denúncias”, disse o presidente do Legislativo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma lá: a primeira presidente do Brasil

Antes de votar em Porto Alegre, Dilma fez o sinal de positivo


O Brasil elegeu ontem a primeira mulher para a Presidência da República: Dilma Rousseff, do PT. Até as 22h40 de ontem, com 99,75% das urnas apuradas, Dilma estava com 56,02% dos votos válidos (55.622.220 votos), enquanto José Serra (PSDB) tinha 43,98% (43.661.160 votos). A abstenção foi de 21,44%. Entre os eleitores, 2,31% votaram em branco e 4,40%, nulo.
A vitória de Dilma teve a participação do cabo eleitoral mais popular do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mesmo sem estar participando diretamente do pleito, teve papel fundamental ao transferir todo seu elevado índice de popularidade à candidata que escolheu pessoalmente para disputar sua sucessão e levá-la à vitória nas urnas neste segundo turno, mesmo sendo uma estreante na seara de uma disputa eleitoral e concorrendo com um nome forte da oposição, o ex-governador tucano José Serra.
Se dependesse dos números das primeiras pesquisas eleitorais divulgadas em 2007, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República jamais teria sido levada adiante. Em outubro de 2007, a pesquisa CNT/Sensus mostrava a então ministra-chefe da Casa Civil com 5,7%. Essa mesma pesquisa, contudo, mostrava que cerca de 35% dos entrevistados poderiam votar em alguém apoiado por Lula. Com base nessa sinalização, o presidente traçou um engenhoso plano para lançá-la na arena da disputa presidencial, trabalhando intensamente para colar sua imagem à de Dilma.
E a estratégia funcionou. Coube a Dilma o lançamento de uma das maiores vitrines do governo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. No ano seguinte, Lula a batizou de ‘mãe do PAC’. Como boa discípula, Dilma se autonomeou durante a campanha eleitoral de ‘mãe do Luz para Todos’, programa do governo federal, criado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica às áreas rurais do País. E no decorrer da campanha, quando já liderava a corrida presidencial, assumiu de vez o instinto maternal e disse que pretendia ser, na Presidência, a ‘mãe de todos os brasileiros’.
Na primeira fala após ser eleita a primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff afirmou estar “muito feliz”. “É uma sensação de muita força e muita alegria. Estou muito feliz e agradeço aos brasileiros e brasileiras por esse momento.” A frase foi dita dentro do carro que a levou de sua casa para o hotel, em Brasília.
Candidatos votam pela manhã
Acompanhados de aliados políticos e saudados por eleitores, os dois candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), votaram ontem de manhã, respectivamente, em Porto Alegre e São Paulo.
Dilma cumprimentou os mesários e fez sinal de positivo para os fotógrafos antes de entrar na cabine de votação. Em declaração à imprensa afirmou que, se for eleita, governará para todos os brasileiros e com os partidos que apoiaram sua campanha. Ela destacou que suas propostas de governo têm foco diferenciado, com a transformação social do país. “Não governamos só olhando números, olhamos para o bem-estar das pessoas”, declarou.
Dilma estava acompanhada do governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Depois de votar, a candidata seguiu para a casa da filha para descansar.
Serra chegou ao colégio onde vota, na capital paulista, no fim da manhã e foi saudado com palmas por eleitores que estavam no local. Ao falar à imprensa, disse que se manteve confiante durante toda a campanha por ter recebido apoio da população e afirmou que suas propostas se basearam em melhor segurança, melhor saúde e melhor educação.
Mineira de classe média alta e com uma história de luta contra o regime militar
Dilma Vana Rousseff é economista de formação, nasceu em Belo Horizonte, em 14 de dezembro de 1947. Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi ministra-chefe da Casa Civil durante o governo Lula.
Nascida em família de classe média alta e educada de modo tradicional, interessou-se pelos ideais socialistas durante a juventude, logo após o golpe militar de 1964, quando integrou organizações que defendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando de Libertação Nacional e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Passou quase tres anos presa, entre 1970 e 1972, primeiramente na Oban (onde passou por sessões de tortura) e depois no Dops.
Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde junto com o companheiro por mais de 30 anos, Carlos Araújo, ajudou na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e participou ativamente de diversas campanhas eleitorais.
Exerceu o cargo de secretária municipal de Fazenda de Porto Alegre, na gestão do prefeito Alceu Colares. Mais tarde, foi secretária estadual de Minas e Energia, tanto no governo de Colares como no de Olívio Dutra, no meio do qual se filiou ao PT em 2001.
Participou da equipe que formulou o plano de governo na área energética na eleição de Luiz Inácio Lula da silva à presidência da República, em 2002, onde se destacou e foi indicada para titular do Ministério de Minas e Energia. Novamente reconhecida por seus méritos técnicos e gerenciais, foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil com o afastamento do então ministro José Dirceu.
Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. No mesmo ano, Dilma se submeteu a um tratamento contra um câncer no sistema linfático, que havia descoberto a partir de um nódulo na axila esquerda, em um exame de rotina, em fase inicial.
Em seu programa de governo, destaque para as áreas Social e também a Saúde
O programa de governo da presidente eleita Dilma Roussef prometeu erradicar a pobreza e estender o Bolsa-Família a índios, quilombolas e moradores de rua.  O programa da petista promete manter e aprofundar a manutenção dos programas sociais implementados no governo Lula, que, de acordo com Dilma, tiraram 24 milhões de pessoas da pobreza em sete anos e meio.
A eleita propõe priorizar a qualidade da educação, melhorando os salários dos professores e aumentando o número de bolsas para que os alunos sejam mantidos nas escolas, além de aulas informatizadas com acesso à banda larga.
Dilma deve manter a política econômica, prometendo realizar a reforma tributária que não aconteceu no governo Lula.
Na saúde, a presidente eleita pretender aprimorar a eficácia do sistema de saúde, garantindo mais recursos para o SUS. Dilma também quer implantar 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo país.
Outras propostas visam dedicar uma atenção ainda maior aos hospitais públicos e conveniados, as novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ao SAMU e a programas como o Saúde da Família, o Brasil Sorridente e a Farmácia Popular.
Na educação, uma escola técnica por cidade com mais de 500 mil habitantes e pólos regionais. Com relação ao salário-mínimo, Dilma falou em dar o reajuste acima da inflação, vinculado ao Produto Interno Bruto (PIB).Dilma também aposta em concretizar, junto com o Congresso, as reformas institucionais que não puderam ser completadas ou foram apenas parcialmente implantadas, como a reforma política e a tributária.
Por fim, a presidenta ressalta que vai aprofundar a postura soberana do Brasil no mundo, defendendo intransigentemente a paz mundial e uma ordem econômica e política mais justa. Na política econômica, a meta é manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflação e a política de câmbio flutuante.